Ontem ela ainda era um bebê ...

Hoje ela já pinta as unhas, faz escova, sabe quem é Marta Suplicy, leva livro pra escola, sabe assoviar, estalar os dedos, já vai sozinha pro parquinho, joga charme para um amiguinho chamado Paulinho ...

Ai, ai ... o tempo passa rápido ...

Saudades!

Hoje é sexta-feira

Tempo bom para assistir filme comendo pipoca ficar no sofá lendo livro balançar na rede jogar conversa fora comer bolo de chocolate feito na hora passar o entardecer abraçadinho ver os filhos brincando passar o dia ouvindo música comer comida da mãe receber visita boa em casa pedir pizza dormir à tarde ...

Hummmmmmmmm, coisa boa ...

What you see is not what you get

Você já reparou como os filmes românticos são perfeitos? Ok, por isso são filmes e não possuem obrigação em retratar a realidade ... Concordo! Justamente por não retratarem a realidade, nós fazemos fila nos cinemas, para esquecermos os nossos problemas por umas 2 horas, pelo menos ...

Nos filmes, o sexo é algo perfeito: tem penumbra, os corpos ficam estrategicamente escondidos debaixo dos lençóis, a mulher não tem bunda nem peito caído e muito menos celulite, o homem sabe exatamente o que fazer e como fazer, nunca tem preliminares e mesmo assim as mulheres têm orgasmos de virar os olhos ...

Na vida real, o sexo não é tão perfeito assim (mas não deixa de ser delicioso, veja bem!): os corpos ficam expostos mostrando celulites, barrigas de chopp, pêlos encravados, depilação já meio vencida ... as bundas e peitos caídos balançam ...o sexo tem cheiro, sabor e ruído ... existe troca de fluídos ... e as preliminares são fundamentais para que o orgasmo de virar os olhos aconteça ... e dependendo do entrosamento dos envolvidos, as preliminares podem durar horas e não obter o resultado esperado ...

Nos filmes, quando a mulher vai ao mercado fazer compras, leva somente alguns minutos para finalizar a compra e coloca no carrinho itens como vinho, chocolate, queijo ...

Na vida real, quando a mulher vai ao mercado, demora pelo menos 1 hora para finalizar a compra e coloca no carrinho itens nada glamourosos, como absorvente higiênico, produtos de limpeza, papel higiênico, carnes sangrando naquelas bandejas de isopor verde ... isso sem falar na maratona "enche o carrinho, esvazia o carrinho na esteira, paga, enche o carrinho novamente, esvazia o carrinho e coloca as compras no carro, chega em casa e tira as compras do carro, leva as compras pra cozinha e guarda as compras nos armários" ... ufa!

Nos filmes, os casais nunca conversam sobre contas a pagar, limite de cheque especial, fatura estourada do cartão de crédito ...

Na vida real, pelo menos uma vez por dia um telefona para o outro para falar de alguma conta que precisa ser paga, transferência de dinheiro para cobrir contas, receber ou dar broncas por ter gasto além do que podia ...

Nos filmes, os filhos estão sempre de banho tomado, vestidos e de cabelo penteado, tomando todo o café da manhã prontos para serem levados para a escola ...

Na vida real, os pais acordam já aos berros, travando uma guerra para tirar os filhos da cama, arrumá-los e penteá-los (isso quando dá tudo certo, porque quando não dá o filho sai de casa descabelado e desarrumado mesmo!), ninguém toma café da manhã em casa porque não dá tempo, e saem todos estressados e atrasados de casa ... o pai "larga" o filho na porta da escola e corre pro trabalho, torcendo pra que o chefe não o demita por chegar todo dia atrasado ...

É ... como cantou Herbert Viana, "a vida não é filme e você não entendeu, ninguém foi ao seu quarto quando escureceu" ...

Quebrando tabus (3) - Laranja Mecânica

Uma surpresa! Fui positivamente surpreendida com esse filme! Cínico, irônico, hipócrita, transgressor, torpe, genial, poético, intrigante ...

O olhar do ator Malcolm McDowell na primeira cena do filme é marcante, desconcertante, invasivo, amedrontador de uma certa maneira ...

No futuro, Alex (Malcolm McDowell) , líder de uma gangue de delinquentes que matam, roubam e estupram, cai nas mãos da polícia. Preso, ele é usado em experimento destinado a refrear os impulsos destrutivos, mas acaba se tornando impotente para lidar com a violência que o cerca.

Sempre que eu assisto a um filme, reflito sobre ele e sobre o que ele me acrescentou com sua mensagem. Deste, levo o seguinte questionamento: devemos ser bons porque assim o desejamos ou porque a sociedade nos impõe, através das leis (ou de lavagem cerebral, como no filme)?

What does God want? Does God want goodness or the choice of goodness? Is a man who chooses the bad perhaps in some way better than a man who has the good imposed upon him?

Assista e tire suas próprias conclusões!

Quebrando tabus (2) - Último tango em Paris

"O último tango em Paris" não é um filme erótico. É, como todos os filmes intimistas de Bertolucci, uma tentativa de falar abertamente sobre coisas que a sociedade prefere ver trancadas a sete chaves. Dois desconhecidos encontram-se num apartamento vazio e, sem dizerem os nomes, conversam, transam, brigam e procuram um sentido para suas vidas. Ele (Marlon Brando, em atuação digna de 20 Oscars) está em crise porque a mulher acaba de cometer suicídio, sem deixar qualquer explicação. Ela (Maria Schneider, limitada, mas convincente) está em crise porque não sabe se o futuro que deseja para si é um casamento com um jovem cineasta. Para ele, o mundo acabou; para ela, está começando. Para ele, as coisas perderam o sentido; para ela, os sentidos ainda são muito complicados. Entre estes dois seres tão diferentes, há apenas uma ponte: o sexo.

E a cena da manteiga não choca em si mesma, mas sim o texto que o Marlon Brando diz nela: "Vou falar-lhe de segredos de famíla, essa sagrada instituição que pretende incutir virtude em selvagens. Repita o que vou dizer: sagrada família, teto de bons cidadãos. Diga! As crianças são torturadas até mentirem. A vontade é esmagada pela repressão. A liberdade é assassinada pelo egoísmo. Família, porra de família!" É como se um professor, que não acreditasse mais em nada do que ensinou a vida inteira, tentasse dar uma última aula - verdadeira, desesperada e muito dolorida. E à aluna, subjugada, só restasse perder toda a inocência.

Merece ser revisto (ou redescoberto). Assista e tire suas próprias conclusões.

Amizade

Eu trabalho com a Sandra desde 2000 ... É uma pessoa adorável, de riso fácil, cuja presença faz falta quando ausente, sabe?

Na próxima semana é o casamento dela ... e as mulheres do escritório se reuniram pra fazer as lembrançinhas da festa dela.

Foi algo assim, tão espontâneo ... uma deu a idéia, as outras toparam imediatamente, a outra foi na 25 de Março comprar o material, dividimos o custo entre todas ...

E por alguns dias não saímos pra almoçar ... ficamos sentadas em uma mesinha fazendo as lembrançinhas: uma fazia laço, outra montava as trouxinhas, a outra colava ...

Nessas horas, conversávamos de tudo ... uma contava uma coisa engraçada, a outra compartilhava experiências de vida, a outra falava de seu próprio casamento ... demos risadas, conselhos, repartimos sonhos e desejos ... nessa hora não éramos colegas de trabalho, mas amigas ...

Amigas que se reuniram para ajudar uma outra amiga ... e acho que isso é a essência de tudo na vida: dar sem esperar receber nada em troca.

E foi tão gostoso que com certeza todas nós vamos sentir saudades ...

Torço para que outra se case logo ...