"You are young, my son, and, as the years go by, time will change and even reverse many of your present opinions"

segunda-feira, agosto 30, 2004

Quebrando tabus (1) - Belle de Jour

Cresci ouvindo falar de filmes que quebraram tabus. Quando criança, não podia nem imaginar em assistir qualquer um deles.

E aí o tempo passou, virei dona do meu nariz, e sempre quando me deparava com alguns desses "filmes proibidos" na locadora, me faltava coragem de sequer tirar da prateleira para olhar a capa, sob pena de alguém olhar e pensar "nossa, ela tá com a-que-le filme na mão!".

Besteira.

Rompi barreiras e assumi minha curiosidade por esses clássicos que geraram tanto ti-ti-ti.

E o engraçado é que, ao assistí-los, sempre ficava esperando a tal cena tão polêmica, e descobri que esses filmes poderiam muito bem passar na sessão da tarde, de tão inocentes que são em comparação ao que estamos acostumados a assistir hoje em dia ...

O primeiro clássico que assisti foi "A Bela da Tarde" (Belle de jour de Luis Buñuel).

Pièrre e Severine, recém-casados, formam um casal feliz do tipo que os amigos invejam. Severine, bela e burguesa, dedica-se inteiramente a seu marido, um respeitável cirurgião que passa muito tempo no trabalho. A jovem esposa se sente um pouco abandonada e começa a ter estranhos devaneios. Decide então, combater seu tédio e insatisfação sexual prostituindo-se num bordel parisiense durante suas tardes desocupadas. Com essa sinopse, poderia muito bem virar roteiro da próxima novela das seis ...

Assista e tire suas próprias conclusões!

sexta-feira, agosto 27, 2004

As mulheres de 30 - por Mário Prata

O que mais as espanta é que, de repente, elas percebem que já são balzaquianas. Mas poucas balzacas leram A Mulher de Trinta, de Honoré de Balzac, escrito há mais de 150 anos. Olhe o que ele diz: 'Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer'.

Madame Bovary, outra francesa trintona, era tão maravilhosa que seu criador chegou a dizer diante dos tribunais: 'Madame Bovary c'est moi'.

E a Marilyn Monroe, que fez tudo aquilo entre 30 e 40?

Mas voltemos a nossa mulher de 30, a brasileira-tropicana, aquela que podemos encontrar na frente das escolas pegando os filhos ou num balcão de bar bebendo um chope sozinha. Sim, a mulher de 30 bebe. A mulher de 30 é morena. Quando resolve fazer a besteira de tingir os cabelos de amarelo-hebe passa, automaticamente, a ter 40.

E o que mais encanta nas de 30 é que parece que nunca vão perder aquele jeitinho que trouxeram dos 20. Mas, para isso, como elas se preocupam com a barriguinha!

A mulher de 30 está para se separar. Ou já se separou. São raras as mulheres que passam por esta faixa sem terminar um casamento. Em compensação, ainda antes dos 40 elas arrumam o segundo e definitivo. A grande maioria tem dois filhos. Geralmente um casal. As que ainda não tiveram filhos se tornam um perigo, quando estão ali pelos 35. Periga pegarem o primeiro quarentão que encontrarem pela frente. Elas querem casar.

Elas talvez não saibam, mas são as mais bonitas das mulheres. Acho até que a idade mínima para concurso de miss deveria ser 30 anos. Desfilam como gazelas, embora eu nunca tenha visto uma (gazela). Sorriem e nos olham com uns olhos claros. Já notou que elas têm olhos claros? E as que usam uns cabelos longos e ondulados e ficam a todo momento jogando as melenas para trás? É de matar.

O problema com esta faixa de idade é achar uma que não esteja terminando alguma tese ou TCC. E eu pergunto: existe algo mais excitante do que uma médica de 32 anos, toda de branco, com o estetoscópio balançando no decote de seu jaleco diante daqueles hirtos seios? E mulher de 30 guiando jipe? Covardia.

A mulher de 30 ainda não fez plástica. Não precisa. Está com tudo em cima. Ela, ao contrário das de 20, nunca ficou. Quando resolve, vai pra valer. Faz sexo como se fosse a última vez. A mulher de 30 morde, grita, sua como ninguém. Não finge. Mata o homem, tenha ele 20 ou 50. E o hálito, então? É fresco. E os pelinhos nas costas, lá pra baixo, que mais parecem pele de pêssego, como diria o Machado se referindo a Helena, que, infelizmente, nunca chegou aos 30?

Mas o que mais me encanta nas mulheres de 30 é a independência. Moram sozinhas e suas casas têm ainda um frescor das de 20 e a maturidade das de 40. Adoram flores e um cachorrinho pequeno. Curtem janelas abertas. Elas sabem escolher um travesseiro. E amam quem querem, à hora que querem e onde querem. E o mais importante: do jeito que desejam. São fortes as mulheres de 30. E não têm pressa pra nada. Sabem aonde vão chegar. E sempre chegam.

Chegam lá atrás, no Balzac: 'A mulher de 30 anos satisfaz tudo'.

Ponto. Pra elas.

quarta-feira, agosto 25, 2004

Onze minutos - Paulo Coelho (2)

"A paixão faz a pessoa parar de comer, dormir, trabalhar, estar em paz. Muita gente fica assustada porque, quando aparece, derruba todas as coisas velhas que encontra.
Ninguém quer desorganizar seu mundo. Por isso, muita gente consegue controlar essa ameaça, e são capazes de manter de pé uma casa ou uma estrutura que já está podre. São os engenheiros das coisas superadas.
Outras pessoas pensam exatamente o contrário: entregam-se sem pensar, esperando encontrar na paixão as soluções para todos os seus problemas. Colocam na outra pessoa toda a responsabilidade por sua felicidade, e toda culpa por sua possível infelicidade. Estão sempre eufóricas porque algo de maravilhoso aconteceu, ou deprimidas porque algo que não esperavam terminou destruindo tudo.
Afastar-se da paixão, ou entregar-se cegamente a ela - qual destas duas atitudes é a menos destruidora?
Não sei."

Eu já fui engenheira das coisas superadas e já me entreguei sem pensar, esperando encontrar na paixão as soluções para todos os meus problemas ... e continuo não tendo resposta para essa pergunta!

Onze minutos - Paulo Coelho (1)

"... Sou duas mulheres: uma deseja ter toda a alegria, a paixão, as aventuras que a vida pode dar. A outra quer ser escrava de uma rotina, da vida familiar, das coisas que podem ser planejadas e cumpridas. Sou a dona de casa e a prostituta, ambas vivendo no mesmo corpo, e uma lutando contra a outra.
O encontro de uma mulher consigo mesma é uma brincadeira com sérios riscos. Uma dança divina. Quando nos encontramos, somos duas energias divinas, dois universos que se chocam. Se o encontro não tem a reverência necessária, um universo destrói o outro."

Você também se identificou com esse texto ou isso só aconteceu comigo?